ALGUMAS CURIOSIDADES:

" O melhor amigo do homem".

Tal afirmação, apesar de considerada por muitos apenas como uma crença popular, possuí um início. Esta frase foi pronunciada pela primeira vez pelo advogado George Graham Vest, num tribunal nos Estados Ubidos, já que o seu cliente, Charles Burden, dono de um galgo chamado Old Drum, descobriu que o seu vizinho o havia assassinado sem motivo aparente e decidiu denunciar o facto. No julgamento, Graham discursou:

Cavalheiros do júri: O melhor amigo que um homem possa ter, poderá se voltar contra ele e se converter em seu inimigo. Seu próprio filho ou filha, a quem criou com amor e dedicação infinita, podem demonstrar ingratidão. Aqueles que estão bem próximos de nosso coração, aqueles a quem confiamos nossa felicidade e bom nome, podem se converter em traidores.

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Neste relacionamento entre homem e animal, o cão não se importa que o seu dono resida numa mansão ou na rua, qual a sua religião ou a sua cor de pele. Água limpa e comida, cuidado, carinho e respeito são o suficiente para conquistar a confiança dele, que por isso, recebeu o título de melhor amigo do homem, antes mesmo da frase ser dita pela primeira vez.

Por outro lado, há a desconfiança de que o cão não seja um animal de estimação, mas sim um evoluído parasita. Tal afirmação advém do facto do cão se adaptar completamente para satisfazer a necessidade biológica que o ser humano tem de cuidar de outro ser dependente e o tornar familiar, como também estar sempre perto quando o homem se sente só, aflito ou inseguro, e por, aparentemente estar no controlo, pois o homem oferece-lhe comida quando sente fome, leva-o ao veterinário quando está doente e dá-lhe atenção quando pede.


O cão na Sociedade


O ser humano sempre viveu rodeado de animais adaptando-se a estes e vice versa, consoante as suas necessidades. Actualmente e mais do que nunca, os cães exercem uma função de extrema importância na sociedade, ajudando a colmatar e a preencher lacunas que a própria sociedade criou, por vezes até com alguns exageros, não tendo em consideração o bem estar, a etologia e a psicologia animal.

É sabido que um animal de companhia não é um objecto descartável à medida da nossa conveniência, nem tão pouco deve ser considerado como um brinquedo para crianças ou um adorno e símbolo de riqueza e classe social para um adulto. Ter um cão significa acima de tudo assumir uma responsabilidade, desta forma, é importante pensar antes de optar em adquirir ou adoptar um cão, é pois necessário saber se estamos dispostos a assumir essa responsabilidade incondicionalmente.



O INÍCIO

O processo de domesticação contribuí-o para que os cães se adaptassem aos homens em vários sentidos. Deste modo, o cão adquiriu uma riqueza fônica superior à do lobo, alimentando-se das mesmas coisas e mudando a sua morfologia de forma a acompanhá-lo ao longo do tempo.

No entanto neste relacionamento perfeito, a hierarquia é um dos mais importantes factores que desde sempre deverá estar estabelecido nesta relação. Assim fica claro para o cão que o humano é o dominante, tornando tal estabelecimento possível devido à sua inteligência quantitativa. É assim dever do ser humano, agindo como líder premiar boas condutas, castigar a desobediência, administrar os recursos essenciais e não usar de brutalidade. Isso dá ao cão a proteção e a certeza de que todas as suas necessidades serão satisfeitas, e acima de tudo, uma boa relação de convivência.

Segundo estudos realizados, a adaptação dos cães é devida ao facto de terem desenvolvido a habilidade de aprendizagem  por imitação. Habilidade esta que evoluíram e continuam a utilizar para evitar a aprendizagem por tentativa e erro. A pesquisa afirma ainda que esta é uma característica comum noutros grupos de animais, destacando a diferença canina no facto de terem crescido e se desenvolvido no meio humano ao longo dos anos. É inquestionável, portanto e pode-se afirmar com segurança que a adaptação foi feita do cão ao homem e não em sentido contrário.

De forma simples, o cão obtém dessa relação uma melhoria na sua atitude quanto à sobrevivência, já que tem comida em abundância, evita a depredação e optimiza a qualidade reprodutiva e também quanto à atitude social, pois integra-se numa mais ampla. Já o homem é ainda mais favorecido, pois melhora a segurança de seu grupo, as necessidades gregárias e por vezes as físicas e psicológicas.

Reconhecida como uma espécie domesticada, algumas raças de cães possuem características especificas que o fazem destacar-se. Para desenvolver mais estas particularidades, os cães normalmente são adestrados para obedecerem ao seu dono e para reagir correctamente em determinadas situações. Essa condição, criada pelo ser humano ao longo do seu convívio e interacção com o cão, apenas é possível devido ao comportamento do cão em relação ao homem.



A SOCIEDADE HOJE

Como se referiu anteriormente os seres humanos e os cães domesticados sempre tiveram uma estreita relação durante milhares de anos em diferentes culturas. Esta ligação especial entre seres humanos sobreviveu à transicção dos nossos estilos de vida desde o pré histórico aos moradores urbanos. Os cães são uma parte importante na nossa sociedade, estudos* demonstram que em Portugal cerca de 40% da população com mais de 18 anos possuem um cão em casa, sendo que a posse desta espécie é superior nas regiões do Sul (51%), Litoral Norte (44%), Interior Norte (44%), sendo em Lisboa onde a percentagem é menor (29%).

Nas últimas décadas constantes mudanças sociais, culturais, económicas, politicas e tecnológicas têm causado mudanças fundamentais nos valores e atitudes na nossa sociedade. Algumas pesquisas mostram que como resultado destas muitas mudanças assiste-se a uma perda de controlo, perda de confiança e um crescente sentimento de isolamento por parte do ser humano, proveniente de uma sociedade cada vez mais urbanizada onde também o contacto com o cão torna-se cada vez mais limitado.

A companhia confiável e incondicional fornecidas pelo cão é considerada como que uma terapêutica eficaz e estratégica no sentido de melhorar a nossa qualidade de vida. Os cães podem ajudar a diminuir o stress, a aliviar a solidão, a melhorar a saúde das pessoas. A simples presença de um cão pode reduzir a pressão sanguínea, o que justifica o alto índice de sobrevivência de donos de animais um ano depois de terem sido vitimas de ataque cardíaco. Pesquisas comprovam a utilidade e na maioria os casos o sucesso, do animal como co- terapêuta, no tratamento de doentes psíquicos, de crianças hiperactivas ou agressivas, portadores de síndrome de Down, pacientes de Alzheimer, pacientes com problemas neurológicos e deficientes físicos.

Na europa, 30% das terapias de recuperação utilizam animais. Em San Francisco, nos Estados Unidos, existe um programa em que cães oferecem conforto a pacientes com SIDA. A presença destes animais repercutiu na melhoria do ambiente de trabalho nas enfermarias, beneficiando a equipa médica.

Eles melhoram os sentimentos de segurança quer em casa ou locais públicos contribuindo de forma a quebrar barreiras na sociedade, ajudando as pessoas a encontrar e fazer novos amigos.

Desta forma, a dupla capacidade do cão ser um animal de companhia e ao mesmo tempo utilizar competências em auxílio ao seu dono, tornam-no único. Muitos dos trabalhos efectuados pelos cães são de grande importância humanitária, e alguns deles podem mesmo ser desenvolvidos por cães sem serem de raça pura, como por exemplo a condução de  gado e respectiva protecção (cães pastor), policiam propriedades (cães de guarda), farejam e detectam substâncias ilícitas (cães de pista), puxam trenós; expulsam malfeitores (cães de defesa), auxiliam pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência (cães guia), procuram e salvam pessoas perdidas (cães de busca) ou simplesmente acrescentam um brilho na vida de centenas de milhares de pessoas espalhadas por todo o mundo.

Apesar de todos os benefícios comprovados, existe uma atitude crescente de que os cães não são parte importante e legítima da nossa sociedade. A consolidação urbana, as preocupações ambientais, o estilo de vida em mudança e a legislação acabam por criar um ambiente em que a simples posse de um cão encontra-se cada vez mais ameaçada, comprometida pela tendência de um aumento da densidade habitacional. Sendo que os apartamentos e habitações com quintais pequenos tendem a desencorajar pessoas a possuir cães. Nestes casos os donos de cães necessitam de um acesso imediato a áreas públicas a uma curta distância de casa para poderem gerir os seus cães com sucesso, é assim importante que o desenvolvimento urbano evolua de forma inteligente de modo a permitir a integração do cão na sociedade. Só em Portugal a percentagem de lares com animais de estimação desceu quatro por cento desde Novembro de 2010*.

Programas de educação que incentivem uma profunda compreensão das necessidades dos cães e ensinar também as responsabilidades de um comportamento sensato em torno dos mesmos, pode ajudar os cães,  respectivos donos e todos os outros numa sociedade, pois as necessidades dos cães, dos seus donos e dos não proprietários são todos legítimos. Desta forma estas necessidades devem ser conduzidas e integradas na sociedade e no ambiente por forma a que pessoas e cães vivam em harmonia.

            Deste modo é importante que para uma melhor e mais útil integração do cão na sociedade seja necessário saber comunicar e saber entender o animal. A comunicação pressupõe compreensão, sendo que nenhum cão compreenderá o ser humano se não passar por duas fases básicas (ambas ligadas à 1ªinfância): o Imprinting, onde o cão começa a reconhecer como congéneres a todos os animais, nomeadamente os humanos também, que interagem com ele neste período e a Socialização, como que a escola de vida de um cão, onde ele percebe que existem leis precisas, que existe hierarquia e que tem de obedecer aos primeiros e que os segundos podem ser mandados.

            Um cão que passou por uma boa fase de imprinting e socialização possui as bases indispensáveis para comunicar com o homem. Compete a este agora construir as sua regras, apoiadas na etologia e psicologia canina.



* Fonte Marktest



Em suma:

            É de sempre que o cão se relaciona com o homem, sendo que esta parceria tem sido constantemente moldada e alterada ao longo dos tempos, pelo menos 15 mil anos. Nós próprios vivemos continuamente moldando e alterando a natureza das nossas relações com os cães, procurando sempre novas formas e tarefas para eles fazerem connosco. Através deste convívio, observam-se momentos positivos e negativos. Na cultura, povoa a realidade com heróis, companheiros de passatempo e de trabalho, os sonhos e como úteis cobaias. Também na ficção desde sempre, o cão, figura em filmes, desenhos animados, séries de televisão, livros e revistas. Isto significa que o cão moderno, o seu mundo e os seus envolvimentos com os seres humanos são muito diferentes hoje e assim continuarão em constante mudança, adquirindo sempre um papel importante nesta nossa sociedade, também ela própria em constante mudança.

Beagle Freedom Project


Viviam em jaulas e nunca tinham pisado relva, agora, foram finalmente libertados

Usados para testes laboratoriais de cosméticos, 72 cães viveram toda a sua vida fechados numa jaula. Agora, com a falência da empresa, foram libertados e viram a luz do sol pela primeira vez.
A empresa espanhola, tal como muitas outras, usava os animais para se certificar que os seus produtos podiam ser comercializados. Tratados como meros objectos, os cães de raça beagle eram mantidos em jaulas individuais e identificados por números, tatuados na sua pele. A falência súbita da empresa permitu a uma sociedade de protecção dos animais resgatar os animais. “Eles viviam em jaulas individuais, em grupos de 10 por cada sala sem nunca interagirem uns com os outros”, revela Gary Smith, o porta-voz do grupo de resgate.
O seu primeiro momento de liberdade foi registado em vídeo. Os cães, visivelmente receosos, estranham até a própria relva.
O emocionante momento serviu também para garantir um lar aos animais, que serão entregues para adopção. “Os beagles são cães de companhia muito dóceis. Mas esse é também o motivo pelo qual são ideais para os testes de laboratório”, explica Smith.
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